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Mindful eating: método aposta no foco para transformar a sua relação com a alimentação

Se você faz parte do grupo que acha que a companhia perfeita para uma noite de sexta-feira é o combo sofá, Netflix e delivery, acredita que o almoço é o melhor momento do dia para ver aqueles stories que ainda faltam e o jantar serve para matar a saudade de alguém via Facetime, melhor rever seus conceitos. O mindful eating prega que todas as alternativas acima devem ficar para trás. Baseada no mindfulness, a meditação que se apoia em noções budistas para conectar corpo, mente e emoções no mesmo tempo (o presente), a técnica propõe atenção plena – no prato, bom dizer.

Usado para tratar distúrbios alimentares desde 2006, o mindful eating chega agora às mesas de quem quer comer de forma mais consciente. Não se trata de fazer uma coisa de cada vez, ou todas em ritmo lento. “Se fosse assim, na hora de comer, por exemplo, bastaria desligar a televisão e mastigar bem devagar. Claro que reduzir a velocidade e as distrações são pontos fundamentais, mas não resolvem o problema”, explica a nutricionista Manoela Figueiredo, instrutora de Mindful Based Eating, em São Paulo, e coautora do livro Comer com Atenção Plena. A atenção, por mais que seja uma capacidade inata do ser humano, necessita ser cultivada. Ao comer, é preciso perceber cores, aromas, texturas, sabores e até mesmo os sons dos alimentos ou ainda o tilintar do gelo no copo.

Estamos vivendo uma relação polarizada com a comida, dividida entre permissividade e ortorexia, a preocupação excessiva com a alimentação – só presta o que é orgânico, funcional, sem glúten, sem lactose, vegano… Segundo o mindful eating, nenhum dos extremos é “certo” e, mais importante, saudável. Se a relação com a comida não é boa, ela vira obsessão, aumenta a insatisfação e a insegurança, o que leva a más escolhas à mesa, num círculo vicioso.

As profissionais dão exemplos práticos. O simples preparo de um chá ajuda a entender o método. Pare, pense. Escolha a infusão. Agora ferva a água e siga a instrução da embalagem. “Sinta o aroma, dê um gole na bebida quente, deixe as sensações aparecerem – provavelmente de relaxamento, conforto”, ensina a nutricionista Bianca Naves, de São Paulo. Atenção (sempre ela): rituais, estratégias – tudo é válido para nos trazer ao momento presente na hora de comer e ajuda a evitar a ansiedade que gera desde a “boca nervosa”, sempre em busca de algo para mastigar, à compulsão alimentar, por trás dos assaltos noturnos à geladeira, acredita Cynthia Antonaccio, nutricionista de São Paulo e coautora do livro citado anteriormente. A equação? Menos culpa, mais prazer.

Ainda não se convenceu? Uma nova tentativa. Apesar de não se tratar de dieta (o mindful eating não trabalha com restrição, plano alimentar, contagem de calorias ou alimentos proibidos), a técnica pode ajudar no controle do peso. É que, além dos fatores sensoriais, pensamentos e emoções também devem ser observados. Você tem fome de quê? Saber distinguir a fome física da emocional é fundamental nesse aprendizado porque trava uma relação mais consciente e menos infantil e permissiva com a comida. A fome precisa ser atendida; já a vontade de comer pode ser negociada. O ideal, porém, é que elas caminhem juntas. Saciedade e satisfação são pontos fundamentais no comer consciente. “Se você deseja uma torta de banana, mas come uma gelatina diet para não engordar, pode até saciar a fome física, mas não vai ficar satisfeita, com grande risco de buscar outra guloseima”, diz Cynthia Antonaccio. O melhor, segundo ela, é comer a torta, mas um pedaço pequeno, sem exagero – uma atitute consciente que traz satisfação.

Respeito ao próprio corpo e fuga dos extremos são pontos exercitados porque contribuem para escolhas conscientes – o emagrecimento vem como consequência. Ao desenvolver uma conexão positiva, deixamos ainda de tentar nos encaixar tanto em padrões de beleza (aqueles que você vê aos montes no Instagram, o mesmo Instagram que você deveria deixar de ver bem no momento da refeição).

Comer com concentração era natural no tempo de nossas avós, quando se sentava à mesa sem distração. Não por acaso, sobrepeso, obesidade, diabetes e hipertensão, doenças ligadas à má alimentação, não eramos principais problemas da saúde pública. Sim, eram outros tempos, mas vale pensar sobre isso. “Não existe um jeito certo ou errado, mas o caminho do meio – uma rotina com espaço para papaia com chia e um churrasco com os amigos”, diz Manoela Figueiredo. O importante é estar 100% no momento em qualquer que seja sua escolha. E não só à mesa.

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